sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Entrevista: Restart

A banda tem um ano e poucos meses. Um ano atrás, eu estava me formando no colégio, os meninos estavam indo para o terceiro ano, que é aquele ano decisivo e eu estudando para o vestibular, como um louco. Tava todo mundo naquela fase: o que vamos fazer da vida?

E a gente sempre tocou. E nós estávamos com uma outra banda, que não tava muito legal e então a gente se juntou e pensamos: “Em vez de tentar uma “facul” agora, se jogar em um ano de estudo para o vestibular, vamos investir em uma banda? Vamos!”


Então, desde o começo, nós olhamos para a
Restart como algo profissional mesmo. Como todo mundo tirava uma, falando “o que esses moleques querem com banda?”, nós sempre encaramos a Restart como trampo, trabalho.

Então, um ano depois, as coisas aconteceram muito mais rápido do que a gente esperava. Música na rádio, estamos com clipe na Tv,conseguimos assinar com um escritório super legal e vamos lançar um CD.


Nós tentamos evitar pensar nessas coisas que estão acontecendo, encaramos assim: “vamos continuar trabalhando. Agora que a música entrou na rádio, o próximo passo é fazer ela ser o primeiro lugar. Ficou em primeiro lugar? Vamos agora levá-la ao primeiro lugar no interior. Gravamos um clipe bacana? Então vamos lançar um Cd legal, com boas músicas”.


Nós já estamos pensando no próximo CD, sabe? Nós tentamos não pensar nisso de “olha que louco, tudo em um ano. Nós somos demais. Os shows estão cada vez mais cheios”. Até para não subir à cabeça.


Tá tudo rolando muito legal agora, mas música, e quem vive de arte sabe, são subidas e descidas, o tempo todo. Hoje você está no Top e pára de trabalhar e acha que tudo está lindo. Amanhã “já era”.


Nós damos o máximo de atenção que a gente consegue, para todo mundo. E isso desde sempre e acho que foi o que fez as coisas acontecerem muito rápido. Nós sempre mantivemos esse contato direto com as pessoas.


A gente até atende por telefone. As meninas descobrem nosso telefone, atendemos e dizemos que somos nós mesmos.


Tá tudo rolando muito bem, mas pé no chão, que tem muita coisa pela frente ainda.
Tem gente que até não acredita, devido a nossa idade. Eu e o Koba estudamos quatro anos em conservatório. A gente tocava MPB, jazz e samba. O Pe e o Thomas sempre foram autodidatas, mas eles curtiam ouvir muito Guns ‘N Roses, Led Zeppelin, coisas mais clássicas.

Quando a gente formou a
Restart estávamos muito ligados em bandas de Myspace. Os gringos têm uma cena independente muito forte. Um monte de banda, que são gigantes, fazem turnês pelo país todo e chegam a tocar na Europa e Japão e que às vezes não chegam ao Brasil porque não tem o apoio de uma grande gravadora, então eles se viram sozinhos mesmo.

São bandas como o
All Time Low, The Maine, Cobra Starship, que é uma banda que está chegando cada vez mais aqui no Brasil e tocando na rádio. E são nomes como esses que na época estávamos ouvindo muito e acho que influenciaram diretamente mais nas composições.

Quem compõe a maioria das músicas somos eu e o Koba. Eu costumo escrever a letra e o Koba chega com uma batida.


Mas falar que só essas bandas são influências fica pequeno demais porque a gente ouve de tudo. Então, até hoje eu curto ouvir MPB, Rock, como
Jimi Hendrix. Eu piro nisso e os moleques também.

Eu acho que tudo vira influência porque você pega o violão e vai reproduzir tudo aquilo que tem escutado e o que tem de bagagem musical.


A
Restart é uma mistura de tudo isso que a gente ouve desde os nove, dez anos de idade. A Restart é o resultado dessas nossas experiências com bandas, de nosso estudo e interesse em conhecer sons novos. Então é uma “mistureba” na real.
Restart letras
A histeria das nossas fãs é demais! O nosso tipo de fã, não é um tipo de fã normal. É aquele fã longe de comparações, por favor.

São meninas que vão para fila às seis da manhã e quando elas encontram a gente, ficam sem palavras. Quando vê você, começa a chorar.


E é aquela fã que faz a coisa acontecer. Ela não ouve a
Restart e guarda para ela. Ela até gostaria, pois morre de ciúmes, mas ela precisa gritar e mostrar, criar um fotolog, andar com a camiseta e falar para mãe dela e pro pai, tia... então, é um amor meio louco.

Eu tenho uma história. Uma vez eu fui ao shopping, na Avenida Paulista (São Paulo). Já faz um tempo isso, vai fazer uns seis meses, acho. Imagina, a banda não tinha nem a metade do tamanho que tem agora.


E tava rolando alguma coisa na rádio 89 Fm, alguma promoção da rádio. Então, tinha umas 300 pessoas na porta da rádio. E eu nem liguei, nem tinha noção de nada disso. E eu estava no shopping com um amigo e umas meninas viram. Vieram conversar, tirar foto... umas dez meninas. Tiraram foto, dei autógrafo e elas foram embora.


No que eu entrei no shopping, começou a correr gente. Entrei em choque. Eu estava parado, eu e meu amigo, e as 300 meninas que estavam na porta da rádio e não tinham conseguido entrar, foram para o shopping.


E foi aquela histeria. Os seguranças do shopping rindo (risos), a galera das lojas “rachando o bico” e eu sozinho. Só sei que começou a tomar uma proporção de gente, que meu amigo me abraçou e disse: “Gente, deixa ele ir, pois precisa ir embora”. Senão eu não ia conseguir sair de lá.


E a galera não saía. Então meu amigo me abraçou e disse “vamos embora” e começou a empurrar a galera. Ele disse “vamos correndo” e então me puxou. No que ele me puxou para correr, estávamos em um corredor. No que ele começou a correr, as 300 pessoas começaram a correr.


Você não faz idéia! Isso é perigoso até. O estande da Chilli Beans (loja de óculos) quase foi para o chão. Derrubaram placas do shopping!


Eu saí sangrando. Uma menina tentou me segurar pelo rosto com a unha. Fiquei com uma marca de quatro unhas em minha bochecha e a galera ainda tentou tirar minha cueca. Acho que essa foi a vez mais assustadora (risos).

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